Como trabalhar a recaída nos grupos de apoio
A recaída é tema freqüente nas reuniões de grupos e cursos do Amor Exigente. No Congresso de Goiânia, muitos participaram da sala temática e puderam expor suas dúvidas. No mês passado, a psicóloga e Coordenadora Geral do Processo de Recuperação da Associação Promocional Oração e Trabalho (Apot), Laura Fracasso, respondeu a algumas das perguntas sob o aspecto psicológico. Neste mês, a professora e Coordenadora Nacional dos Grupos de Jovens do Amor Exigente, Vera Lúcia Finazzi Porto, responde mais perguntas, com a experiência de 13 anos de Amor Exigente e orienta como tratar o tema nos grupos de apoio.
O que o AE pode fazer quando o recuperado está se afastando do grupo de apoio?
O coordenador ou outro membro do AE que tenha afinidade com o jovem poderá entrar em contato com a pessoa, procurando saber como ele está recuperando-se e convidando-o a participar de reuniões.
Quem pode coordenar um grupo de AE jovem?
A coordenação deverá estar a cargo de dois voluntários: um que não tenha problema de drogadição e um ex-usuário há algum tempo sóbrio. Uma característica essencial desses voluntários é que tenham fácil interação com jovens, não sendo prepotentes nem agindo como “donos” do grupo.
Como abordar pais que não freqüentam o grupo de AE e tem seus filhos freqüentando-o?
Embora saibamos que a recuperação é individual, é inegável a importância do apoio da família. O que vemos acontecer é que se o filho freqüenta o grupo e apresenta mudanças positivas de comportamento, os pais passam a se interessar também. Se houver pelo menos um membro da família participando com o jovem, sem ansiedade ou imediatismo, logo veremos mais familiares freqüentando.
Como a família e o grupo de AE devem agir em face às recaídas constantes de um familiar?
A recaída faz parte da doença e não da recuperação e se ela acontecer com a família preparada é melhor. Cada família tem sua estrutura e funciona de modo peculiar, é ela que deverá estabelecer esse limite de aceitação. O que acontece sempre é o que chamamos de “recaída seca”, antes da recaída propriamente dita. Os comportamentos inadequados são as “preliminares” da recaída.
Até que ponto o retorno das metas semanais ajuda a prevenir as recaídas?
Se o jovem não consegue cumprir as metas que se propôs, mau sinal. Isso é um sinalizador de que as coisas não vão tão bem.
Como lidar com membros que recaíram e não retornaram ao grupo?
Dois ou três participantes do grupo poderão tentar um contato com o companheiro, tentando facilitar o seu retorno ao grupo. É preciso que ele tenha vontade de se recuperar e que tenha a certeza da compreensão de todos.
O que fazer com os coordenadores de grupo AE recaídos?
Deverão ser bem-vindos ao grupo, porém participarão como os outros que estão chegando. A partilha é a hora em que o jovem que recaiu deverá usar a honestidade para se abrir com todos, tendo a certeza do sigilo, condição para o bom andamento do grupo.
Qual é o procedimento para grupos com dificuldades em tratar recaída?
Os coordenadores poderão convidar alguém que conheçam e que já tenham passado pela experiência para dar um depoimento. Isso tem funcionado em nossos grupos.
Como e quando trabalhar a recaída no grupo de AE jovem?
Esse assunto é sempre abordado nas partilhas. As “situações de risco” já são conhecidas através das partilhas.
Como lidar com jovens que tumultuam as reuniões, sem discriminá-los?
O coordenador deverá tentar envolver ao máximo esses jovens com pequenas tarefas. Terá q eu estar sempre alerta, procurar sentar-se ao lado deles e com “amor e exigência” mostrar, não só a eles, mas o grupo todo, a necessidade de encarar a recuperação com a seriedade que lhe é imprescindível.
Colaboração de Vera Gelás
Coordenadora do Grupo de Amor Exigente de Marília