Cigarros eletrônicos: aparentes benefícios podem levar a maiores taxas de experimentação

Apesar de anos de educação e de legislações contra o cigarro, o uso do tabaco continua sendo uma questão de saúde pública importante nos Estados Unidos. Em 2010, 25,2% dos adultos e 35,6% dos jovens relataram estar utilizando o tabaco à época. Ao mesmo tempo em que esforços antitabaco continuam através do país, a introdução dos cigarros eletrônicos (e-cigarettes) foi anunciada como sendo uma alternativa menos prejudicial aos cigarros e também como uma forma de ajuda para parar de fumar.

Os cigarros eletrônicos fornecem nicotina por meio do vapor de água inalado. Enquanto a taxa de dependência e os efeitos de longo prazo de usar cigarros eletrônicos como um sistema de fornecimento de nicotina são desconhecidos, muitas pessoas, por ouvir falar, acreditam que eles são mais seguros do que os produtos tradicionais do tabaco. De acordo com um novo estudo publicado na edição de fevereiro do American Journal of Preventive Medicine, a crença de que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais à saúde pode ter levado a um crescimento no número de jovens que experimentam cigarros eletrônicos.

Pesquisadores da Divisão de Epidemiologia e Saúde Comunitária da Universidade de Minnesota observaram se havia ou não uma relação entre as percepções aparentes sobre o prejuízo dos cigarros eletrônicos com relação aos cigarros e subsequentemente o uso dos cigarros eletrônicos entre os jovens.

Eles entrevistaram 1379 participantes da Comunidade Adolescente de Minnesota que nunca haviam experimentado cigarros eletrônicos. A base inicial da pesquisa envolveu suas opiniões sobre cigarros eletrônicos e seu efeito na saúde com relação aos cigarros ou sua utilidade como um meio para parar de fumar. Então, uma pesquisa subsequente conduzida um ano depois perguntou aos participantes se eles tinham experimentado cigarros eletrônicos.

“Participantes que tinham concordado que os cigarros eletrônicos podem ajudar as pessoas a parar de fumar e aqueles que concordaram que os cigarros eletrônicos eram menos prejudiciais do que os cigarros normais tinham mais tendência do que aqueles que não concordaram a, depois da primeira pesquisa, terem experimentado cigarros eletrônicos. Essas associações não variaram de acordo com o gênero ou se eles eram ou não fumantes”, diz o estudo liderado pelo autor Kelvin Choi, PhD.

Em específico, a pesquisa subsequente descobriu que 7,4% dos participantes que nunca haviam experimentado cigarros eletrônicos relataram terem experimentado cigarros eletrônicos logo depois, sendo que 21,6% deles eram fumantes, 11,9% ex-fumantes e 2,9% nunca haviam fumado.

O estudo mostrou que 2,9% dos não fumantes nessa amostra regional de jovens dos Estados Unidos relatou terem experimentado cigarros eletrônicos depois da pesquisa, o que sugere o interesse em cigarros eletrônicos entre jovens não fumantes”, explica o Dr. Choi. “Isso é problemático porque jovens ainda estão desenvolvendo seus padrões de uso do tabaco, e os cigarros eletrônicos podem introduzi-los ao uso do tabaco, ou promover um uso dual de cigarros e produtos do tabaco”.

Enquanto os riscos associados ao uso de longo prazo dos cigarros eletrônicos é, em geral, desconhecido, estudos recentes sugerem que eles podem aumentar significativamente os níveis de nicotina do plasma, o que significa que eles são potencialmente tão capazes de causar dependência quando cigarros comuns. “Este estudo também sugere que cerca de 12% de ex-fumantes jovens foram re-introduzidos à nicotina por meio dos cigarros eletrônicos. Estudos prospectivos futuros incluindo adultos de todas as idades são necessários para confirmar essa descoberta relacionada ao uso do cigarro eletrônico entre não fumantes e ex-fumantes, e para determinar o papel dos cigarros eletrônicos na possibilidade de ex-fumantes voltarem a fumar”, diz o Dr. Choi.

Esta conexão entre crenças sobre cigarros eletrônicos e subsequentes experimentações pode ser usada como guia para futuras campanhas antinicotina e antifumo, que incluam a nova tecnologia dos cigarros eletrônicos. “Entender as crenças específicas que prevêem a experimentação subsequente de cigarros eletrônicos nos permite focar nessas idéias quando estivermos delineando o conteúdo das políticas públicas de saúde”, conclui o Dr. Choi. ”Resultados desse estudo sugerem que mensagens sobre a falta de evidência sobre os cigarros eletrônicos ajudarem a parar de fumar, e a incerteza sobre os riscos associados com o uso dos cigarros eletrônicos podem desencorajar jovens, especialmente jovens não-fumantes e ex-fumantes, a experimentar cigarros eletrônicos”.

Dados da SENAD acerca do uso do cigarro entre jovens

O Relatório Brasileiro sobre Drogas, elaborado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) – Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID), em parceria com o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-SP), em 2009, aponta que, entre 2001 e 2005, o número de jovens entre 18 e 24 anos que já haviam feito uso na vida do cigarro aumentou de 37,7% para 39,5%. Já o número de jovens na mesma faixa etária que eram dependentes do cigarro aumentou de 8,4% para 9,4%.

O estudo aponta que há uma maior taxa de uso na vida de cigarro entre a população masculina, embora as tendências acerca da taxa de dependência tenham se invertido entre os dois períodos. Em 2001, 42,8% dos homens declararam já ter experimentado cigarro, contra 32,6% das mulheres, números que aumentaram para 43,4% e 33,9% respectivamente em 2005. Com relação à dependência do produto, em 2001, 9,9% dos homens eram dependentes e 6,8% das mulheres, relação que se inverteu em 2005, quando uma maior porcentagem de mulheres se declarou dependente do que homens: 9,4% contra 8,8% dos homens.

Para acessar o Relatório Brasileiro sobre Drogas,Veja Aqui.

Autor:
OBID Fonte: Traduzido e adaptado de Medical News Today

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