Não se culpe pelos erros dos filhos
Para se preservar, é importante estabelecer limites na relação e não tentar resolver problemas alheios
A maternidade e – para sermos justos com os homens – a paternidade representam um divisor de águas na vida das pessoas. Ao nos tornarmos responsáveis por outro ser humano, nos esforçamos para nos transformar numa versão melhorada de nós mesmos. Generosidade, sacrifício e abnegação passam a ser as palavras que nos definem. Imaginamos que essa entrega toda terá o poder de criar indivíduos felizes e de bom caráter (na verdade, nossas versões aperfeiçoadas). E quando isso não acontece? Até quando você vai se culpar e tentar resolver os problemas do rebento que agora é gente grande?
O psicólogo Henry Cloud, Ph.D em filosofia e autor de best-sellers como “Limites: quando dizer sim e quando dizer não”, que escreveu com John Townsend, usa uma imagem bem simples para ilustrar sua tese: “uma casa sempre tem uma cerca ou um muro para demarcar o terreno. No mundo imaterial dos relacionamentos, essa linha é mais difícil de se traçar, mas, se não estabelecermos limites, corremos o risco de acabarmos numa situação tóxica. Se o vizinho não corta os galhos da árvore que lhe pertence, eles vão cair no seu quintal. O mesmo se dá nas relações. Há adultos que não se responsabilizam por seus atos, mas você não pode se tornar ‘proprietário’ dos problemas de seus filhos”.
Cloud lembra que há eventos sobre os quais não temos controle, mas podemos, e devemos, criar barreiras para que os outros não se apossem do nosso território. “O limite é uma linha de propriedade, de posse, que estabelece quem controla, quem é o responsável”, ele explica. “Dessa forma, assim como não deixamos a porta da casa aberta, podemos evitar que determinadas pessoas se aproximem. Entrar num terreno sem ser convidado é ilegal, mas não damos a devida atenção quando alguém força a barra no coração, na alma do outro”, acrescenta.